segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Um Caminho Sem Volta

Antes de ler este post, quero dizer que você pode ou não acreditar no que escrevo. Não se trata de um texto religioso (apesar de eu usar uma crença religiosa para exemplificar as idéias). Criei uma história e um personagem, que é de certa forma um "alter-ego", mas que não me representa da forma que eu sou ou me sinto. Pelo menos não ainda.

Vamos lá?

A verdade absoluta às vezes é tão escondida por metáforas que a gente nem percebe quando ela se apresenta límpida a nossa frente. Espero que esta história traga algo bom para mim e para você... E lembre-se, é só uma história.

Outubro de 2010. Não sei o dia nem a hora, mas seu primeiro pedido - a descoberta - foi realizado. Durante um bom tempo antes disso ele ficou engessado em sua própria "pseudo vida". Chamo assim aquele limbo de existência em que se acorda apenas para poder dormir, e se dorme apenas para poder acordar. O que eu quero dizer é que foi um tempo em que nada de relevante aconteceu em sua vida.

Pouco antes da descoberta, ele passou por um lugar de trevas. Viu sua esperança quase acabar com o gosto de seu próprio sangue. Foi seu orgulho que fez com que ele tentasse se machucar. Foi traído de todas as formas possíveis.

Sim, chorou. Correu para o nada, alcançou um bar, bebeu, mas não conseguiu se embriagar. Contou suas dores para desconhecidos, e estes o abraçaram. Mas que dores? Ele estava apenas no começo de sua jornada, e o sofrimento era na verdade apenas a ardência do remédio que acabara de passar em suas feridas. Os germes estavam morrendo... Era apenas uma transição.

Após a separação do seu antigo eu, teve início um novo encontro. Olhando pra sí mesmo, nosso personagem começou a prestar atenção nas coincidências. Com a ajuda de outras pessoas - talvez anjos, ou enviados por eles - racionalizou o etéreo de forma lógica e científica. Todo novo dia era uma, dez, cem descobertas diferentes, cada uma envolta em tanta verdade que ele era incapaz de sentir-se digno de tanta informação.

Descobriu o amor maior, ou pelo menos o seu significado, e mais do que isso, entendeu porque muitas vezes  se utiliza a palavra caridade para traduzir amor. Aprendeu a ouvir a voz de Deus através do pensamento e dos próprios sentimentos inexplorados do seu coração.

Mas existia (e ainda existe) o ego e a posse (de coisas ou pessoas). Isso ainda lhe prende à mortalidade, ao medo e à dúvida. Não se pode agradecer a Deus por ser ateu... Não faz sentido. Também impossível não agradecer por não ser.

O entendimento do amor ao próximo é simples: Perceba o prazer de fazer o bem sem olhar a quem, sem deixar que a sua mão que afaga saiba do afago feito pela sua outra mão. Outubro de 2010... E seu pedido foi realizado, e finalmente ele entendeu.

Novembro de 2010, eis que surge um novo pedido.

Tudo tem conseqüência, tudo é ação ou reação, que também é ação, e que também é reação. Ele tornou-se supremo e ao mesmo tempo falho. Privilegiado por conhecer Deus através da simples noção do sentido do amor, viu-se obrigado a reconhecer tal grandeza egocêntrica para si mesmo, e soube de imediato que tal consciência divulgaria sua pequenez. Ser mais é pior do que ser menos.

Mas nesses momentos, deve-se seguir o exemplo dos grandes mestres. Jesus, que provavelmente assumiu ser O escolhido e O Filho de Deus. Ele aceitou de bom grado a sua grandeza e todas as conseqüências imediatas de Suas escolhas. Ensinou não com o intuito de mostrar que sabia, mas para que os outros aprendessem. Lavou os pés em sinal de humildade, e mostrando-se humilde, teve que aceitar tal gesto sublime como prova incontestável de ser mais do que àquele que tinha seus pés lavados, mesmo sabendo que todos eram a mesma coisa: Filhos de Deus.

Mas Jesus sofreu na carne e no coração, mas não sentiu dor alguma por parecer-se mais do que o outro, pois Ele nunca entendeu Seus atos e decisões como afirmação do seu ego, ou comprovação de sua posse (nesse caso, do conhecimento). Tanto que Ele partilhou o conhecimento, o peixe, o pão e o vinho, e fez isso propositadamente, inclusive para justificar que todos nós somos ou seremos bons, e que temos a mesma predisposição para o amor. Devemos ignorar (para fins espirituais) os conceitos fixos de tempo e espaço. São eles relativos.

Mas voltemos ao nosso personagem. Seguindo as lições de Jesus (e poderia citar o exemplo de muitos outros mestres, usei Jesus porque estamos no Brasil, país com base cristã nas suas diversas religiões), nosso personagem sentiu-se quase livre para divulgar a verdade que acabara de conhecer... Mas antes teria que cumprir uma "pequena tarefa".

Não se pode ensinar sem colocar o ensinamento à prova. Deve-se fazer da carne a essência, e do exterior o que está dentro. Deve-se metamorfosear de lagarta para mariposa, e mostrar a beleza aos olhos daquele que se quer embelezar. Eis que nosso personagem encontrou o seu maior desafio: Tirar de si mesmo o que é apenas idéia, e tranformá-la em matéria. Fez então seu segundo e último pedido: Ser capaz.

Para deixar claro: Deve-se exercer o amor e a caridade para que o outro perceba o resultado global de tal ato (sim, é o mesmo) e consiga dessa forma entender o que é o amor maior, o amor universal, e em última instância, a resposta para o maior mistério da nossa existência.

Todos nós passamos ou passaremos por esta experiência cedo ou tarde. Conhecemos na história alguns que já percorreram com sucesso tais caminhos. Eles são inspiração para o nosso personagem, e para todos àqueles que descobriram através de outros meios o que é a verdade absoluta.

Não vou encerrar a história do personagem, pois ela ainda está sendo vivida. Posso dizer que ele tem medo de não ser capaz de, tão cedo, colocar em prática àquilo que manda a sua consciência, mas que ele sabe  que conseguirá um dia... E se o tempo e o espaço são relativos, o "quando" e o "onde" pouco importam.

Com o tempo, todos nós vamos nos desligar das coisas materiais e do egocentrismo para se ligar ao amor. Este é um caminho sem volta, faz parte da nossa evolução. É por isso que, tal qual o nosso personagem, eu tenho esperança.

Por fim: É preciso alegria e bom humor para ser pleno, e a única coisa no universo que deve ser levada 100% a sério é o sofrimento do próximo, principalmente se o sofrimento for na alma.

Que Deus nos abençoe sempre.

9 comentários:

Guará Matos disse...

Bom dia, rapaz.
Abraços.

LyRodrigues disse...

Sublime, meu lindo.

Bnam

Amo muito mesmo

Faa Cintra disse...

Lindo lindo... Adoro ler seus textos...

Morena disse...

Já tinha vindo aqui e lido alguma coisa sua porque você é amigo de um amigo meu. Esse texto é exatamente o que eu acredito e não conseguia expressar em palavras (escrita e falada). Não é bonito, é verdadeiro e demonstra um conhecimento de vida que poucos tem e/ou são humildes de passar. Parabéns. Não pelo texto, não por você ser quem você é. Porque você sabe a dor de ter chegado onde você está. Parabenizo pela forma de colocar as palavras e fazê-las conceder o bom entendimento do que é verdadeiro e puro. Muita paz.

Maria Helena disse...

Oi, meu querido amigo!
Sem ter lido seu texto, eu escrevi hoje Andarilho e, enquanto lia o seu texto, visualizei você caminhando na estrada da minha poesia. Percebi você numa incessante busca. Vi você itinerante e passando pelo caminho semeando flores mesmo que para isso tenha sido preciso experimentar os espinhos.
Viajei na sua ideia de que o sofrimento é a ardência do remédio. Sim, porque também penso assim. Quando estou com uma dor profunda no peito digo pra mim mesma: É DEUS FAZENDO CURATIVO! É muito interessante a intersecção do nosso caminho de ideias. É muito interessante a nossa afinidade e o nosso encontro gêmeo. Parece que nascemos juntos, apesar da diferença de idade. Talvez, você pudesse ser meu filho e quem sabe, não o é pelo caminho da sincronicidade.
Você, meu querido amigo, tem o dom! E quem tem o dom passa por trevas para enxergar com mais nitidez a luz que precisa levar para o outro.
Você é um brilho constante para quem o vê, mesmo que você esteja experimentando a sombra dos dias nublados.
Sou sua fã incondicional!!!!!!!!!!!!!

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Quando leio
Zaratrustra ou algo de Tagore
vejo muito do Arte da Guerra(ja leu?).
E quando leio essa busca e essa
possibilidade de encontro
que a personagem(quando falamos de criaçao usamos o artigo feminino)
vive, também vejo a busca que
Nietz em Assim falou Zaratrustra
e as verdades de Tagore nessa jornada citada.
Cito a Arte da guerra, por ser
minha segunda bíblia
e nele ha
o roteiro que
cito encontrar pronto e feito
por Nietz e Tagore.
Lógico que o Cristo
é conclusivo, por isso nçao o cito, ele é pra mim
o modelo perfeito em amor,
não de amor.
Texto condensado,
muito interessante,técnicamente bom e revelador,não diria metafórico.Sinto falta de algo nele.
Mas essa é outra historia.
Bjins entre sonhos e delírios

silvioafonso disse...

.

Eu não venho pedir nada e muito menos
impor qualquer coisa. Vim tão somente
abraçar o amigo e dizer da minha
estima
e da minha admiração.

silvioafonso.





.

silvioafonso disse...

.

Aproveito este belo espaço para
abraçar a querida Cátiaho e para
ela dize algumas palavras de
Rabindranath Tagore:
"Não quero rezar para me proteger
dos perigos, mas para ser destemido ao encará-los.
Não quero implorar para que me retirem
a dor, mas para que tenha um coração que a possa conquistar."


Lupo, um abraço.

silvioafonso.





.

Jubs disse...

Parabéns... bem filosófico seu texto, isso eu adoro e me faz bem.

Beijos querido Lupo

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